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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Paris e a Torre de Saint Jacques

Ainda no aeroporto, fui até a estação do metro, ou melhor, do RER (trem que vai até Paris e é interligado com o metrô). Comprei meu ticket de turista para o dia todo, aproveitando para trocar uma nota de 100 Euros. Tinham me avisado  da dificuldade de trocar notas de cem na Espanha, e eu havia esquecido de pedir notas pequenas ao comprar Euros, no Brasil.
Peguei o trem que ia direto para a Gare du Nord, seguindo as dicas que descobri na Internet. Há outro que vai parando em estações do subúrbio. Fui até a estação Saint-Michel-Notre-Dame, onde começaria meu passeio. Queria conhecer primeiramente a Catedral de Notre-Dame.
Chegando à estação, dei algumas voltas até achar a saída correta. Achei o metrô de Paris um pouco confuso para quem não conhece, diferente do de outras cidades.
Notre-Dame de Paris e o rio Sena.
Saindo, pude sentir o frio, que não era pouco. A garoa havia dado uma trégua. Eu não tinha uma jaqueta, nem algo para enfrentar tanto frio, pois pesaria muito na minha mochila. O recomendado era levar pouco peso, somente o necessário, e não ultrapassar 10% do meu peso. Eu já estava levando 15% do meu peso, cerca de 11 quilos. E haviam me contado que na Espanha, nesta época do ano, já estaria mais quente.
Logo que saí avistei a Catedral. Linda! Fiquei contemplando-a e lembrando do livro Notre Dame de Paris de Vitor Hugo, imaginando as cenas, o corcunda e tudo mais. Fui até ela, que já estava fechada. Tirei algumas fotos e fui de metrô procurar a Torre Eiffell. Ir até Paris e não conhecer a Torre seria o mesmo que não conhecer Paris. Saindo novamente do metrô, avistei a torre, enorme, gigante. A garoa voltou. Mas isso não me intimidou. Fui até seus pés. Decidi não subir nela, a enorme fila faria eu perder muito tempo e eu ainda queria conhecer os arredores.

Torre Eiffel, ir a Paris e não conhece-la é o mesmo que não ir.
Segurando a bolsa com o pé...
Tentei ir andando de volta até a Catedral, mas a garoa já tinha se transformado em chuva. Eu já estava encharcado. A mochila tinha uma capa de chuva e não molhou. A minha capa de chuva estava dentro da mochila e seria muito difícil pegá-la, e não adiantaria muito colocar a capa depois de me molhar. O frio eu nem percebia muito, de tão empolgado que estava com a cidade.
Entrei novamente no metrô e fui até a estação da Catedral. Já estava escurecendo. Andei até a Praça de Greve, rodei pela região, comi um crepe com Nutela e banana (por que eles gostam tanto de banana verde?), e fui andar um pouco mais nas proximidades.



Torre Saint-Jacques (Santiago), em Paris.
Avistei então uma torre, muito bonita, que me chamou a atenção. Sem explicação, deu uma enorme vontade de ir até ela, tirar umas fotos. Dei uma volta completa nela. Era a Torre de Saint-Jacques. Nunca tinha ouvido falar, mas achei muito bonita. Estava tão cansado e preocupado com a chuva e o horário, que não percebi o detalhe: Saint Jacques é  São Tiago, em francês. Mais tarde, já no Brasil, vendo um documentário sobre o Caminho de Santiago, descobri que esta torre era o ponto de início do Caminho para os peregrinos, antigamente. Feliz coincidência!
Da torre, voltei para a Catedral e em seguida para o metrô. Estava preocupado com o horário, com medo de demorar muito para achar a estação, o que acabou sendo muito tranquilo. Acabei chegando com 2 horas e meia de antecedência. Deu tempo de tomar um café e comprar alguns chocolates. Ainda não conseguia comer muita coisa, apesar do frio e da fome. Acho que por causa da ansiedade.
Pensei em tomar um banho na estação, onde havia banheiro limpo e quente, mas achei melhor não, o medo de perder o trem era grande, mesmo tendo chegado tão adiantado. E teria que mexer na mochila toda, que ainda não estava tao arrumada. Eu havia ajeitado as coisas na mochila de maneira mais fácil para despachar, no avião, não da maneira adequada para a caminhada. E ainda carregava outra bolsa, com as coisas que poderia precisar a bordo do avião ou do trem.
 Aproveitei o tempo que tinha para conhecer a estação e tirar mais algumas fotos.

Hôtel de Ville, Paris.






sábado, 24 de outubro de 2009

Indo para o Caminho de Santiago por Paris


Acordei pouco antes de poder avistar terra firme. Na telinha do avião mostrava que estava chegado na França e olhando pela janela só podia ver o mar. Seriam mais algumas horas de viagem ainda. Apesar de não ter dormido direito, não consegui dormir mais. Estava muito ansioso, não via a hora de chegar à Paris.
Comecei a lembrar de quando estava planejando a viagem. O primeiro plano era chegar por Madri, ir então até Pamplona, onde pegaria um taxi no aeroporto para Saint Jean Pied-de-Port ou Roncesvales. Este era o itinerário mais comum dos brasileiros que começam o Caminho pelos Pirineus ou logo depois, já na Espanha. Quando eu estava pesquisando, pensei na vontade que tinha de conhecer Paris. Mas seria mais difícil, depois de chegar à Santiago de Compostela, voltar até Paris. Foi quando um amigo falou que poderia ir por uma cidade e voltar por outra, dependendo da companhia aérea.
Sabendo desta possibilidade, preferi ir por Paris, onde ficaria por uns dias e depois seguiria com minha viegem. Mudei minha estratégia, pois calculando melhor, percebi que era melhor passear no final, se sobrasse tempo. Imaginou não terminar o caminho por causa de 1 dia de passeio em Paris? Não, eu não iria arriscar. Meu tempo de férias não permitiam brincar com o tempo, apesar de ter con seguido uns dias a mais por tê-las emendado a um feriado, prolongando-a um pouco. Assim achei melhor ficar somente o necessário em Paris, e aproveitar as poucas horas que teria antes do meu trem partir.
Ao falar com a mulher que estava sentada ao meu lado, a comissária de bordo trouxe-me de volta ao presente. Era hora do café da manhã, e apesar de eu não ter passado muito bem nas horas anteriores, não poderia ficar sem comer. Ainda mais que o cheiro de café já inundava o ambiente e despertava o apetite.
Quando o avião começou a descer, as nuvens começaram aparecer. O tempo estava muito feio em Paris, nuvens, garoa, frio. Mas teria que aproveitar o que pudesse mesmo assim.
Assim que desembarquei comprei um cartão telefôico e liguei para a família, dizer que cheguei bem e que a viagem foi boa. Depois fui até o lado de fora do aeroporto conferir o clima. Realmente estava frio, com um pouco de garoa.

domingo, 11 de outubro de 2009

Decidindo ir para o Caminho de Santiago


A primeira vez que ouvi falar sobre o Caminho de Santiago foi em 1992. Sem saber exatamento o porquê, despertou em mim um interesse especial. Tentei pesquisar mais sobre o assunto, mas na época era muito dif'ícil, o material era muito escasso. De qualquer forma, estava convicto que queria fazer o tal Caminho de Santiago. Não tinha nem idéia de como nem quando ir. E o "como ir" era em termos financeiros mesmo. Sabia que queria ir, e que iria, só isso.
Comecei então a treinar, andando a pé para todos os lugares que necessitasse ir: ao colégio, ao mercado, visitar os amigos, principalmente os que morassem em bairros um pouco mais distantes. De quebra economizava o dinheiro do ônibus.
O tempo foi passando, a vida foi dando suas voltas, e acabei deixando de lado esta idéia. Deixei de lado, mas não esqueci. E sempre que ouvia falar sobre este assunto em algum lugar - reportagens, amigos comentando ou mesmo estranhos conversando - meu coração batia mais forte e voltava o pensamento: "um dia vou fazer o Caminho de Santiago". As vezes tentava convencer os amigos a irem comigo, Em vão, pois ninguém se entusiamava com o Caminho.
Quando eu falava com as pessoas mais próximas a mim desta vontade, todos - talvez eu também - falavam como algo interessante, porém inatingível, algo que não aconteceria nunca. Era como conversar sobre o que fazer se ganhasse na loteria.
Os anos foram passando, coisas acontecendo... e a vontade um dia voltou, muito mais forte que antes. Resolvi que faria o caminho mesmo. Poderia, se realmente quisesse. Comecei a caminhar novamente, comprei uma mochila, um par de botas e um bastão de caminhada, que seria o meu "cajado" no Caminho.
Comecei caminhando de casa ao trabalho e do trabalho para casa, depois fui aumentando a distância, inventando caminhos alternativos neste trajeto que eu fazia todos os dias. Isto me ajudou bastante, mas não era nada comparado ao Caminho.
Marquei minhas férias, peguei minha credencial de peregrinho, comprei o que faltava dos equipamentos. Só restavam a passagem e a decisão sobre o ponto de partida.
A compra da passagem foi a parte mais difícil. Sabia que depois que comprasse a passagem, não haveria mais volta. Confesso que tive um pouco de dúvida, talvez pelo medo do desconhecido, antes de efetuar minha reserva.
Antes de partir, pesquisei o básico sobre o início do Caminho. Não me aprofundei, pois queria "descobrir o Caminho" estando lá. Queria "aprender" o Caminho, queria que ele me guiasse.
Foi nestas poucas pesquisas que resolvi iniciar por Saint Jean Pied-de-Port, na França, quase divisa com a Espanha, e que seria por Paris que iria. De lá iria para Bayonne de trem, onde pegaria outro trem, para Saint Jean Pied-de-Port.
Tudo organizado, comprei as passagens - de avião para Paris e de trem, para Bayonne. O último trem, para Saint Jean Pied-de-Port eu teria que comprar pessoalmente, na estação.
Agora era só aguardar a tão esperada data.