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sábado, 24 de outubro de 2009

Indo para o Caminho de Santiago por Paris


Acordei pouco antes de poder avistar terra firme. Na telinha do avião mostrava que estava chegado na França e olhando pela janela só podia ver o mar. Seriam mais algumas horas de viagem ainda. Apesar de não ter dormido direito, não consegui dormir mais. Estava muito ansioso, não via a hora de chegar à Paris.
Comecei a lembrar de quando estava planejando a viagem. O primeiro plano era chegar por Madri, ir então até Pamplona, onde pegaria um taxi no aeroporto para Saint Jean Pied-de-Port ou Roncesvales. Este era o itinerário mais comum dos brasileiros que começam o Caminho pelos Pirineus ou logo depois, já na Espanha. Quando eu estava pesquisando, pensei na vontade que tinha de conhecer Paris. Mas seria mais difícil, depois de chegar à Santiago de Compostela, voltar até Paris. Foi quando um amigo falou que poderia ir por uma cidade e voltar por outra, dependendo da companhia aérea.
Sabendo desta possibilidade, preferi ir por Paris, onde ficaria por uns dias e depois seguiria com minha viegem. Mudei minha estratégia, pois calculando melhor, percebi que era melhor passear no final, se sobrasse tempo. Imaginou não terminar o caminho por causa de 1 dia de passeio em Paris? Não, eu não iria arriscar. Meu tempo de férias não permitiam brincar com o tempo, apesar de ter con seguido uns dias a mais por tê-las emendado a um feriado, prolongando-a um pouco. Assim achei melhor ficar somente o necessário em Paris, e aproveitar as poucas horas que teria antes do meu trem partir.
Ao falar com a mulher que estava sentada ao meu lado, a comissária de bordo trouxe-me de volta ao presente. Era hora do café da manhã, e apesar de eu não ter passado muito bem nas horas anteriores, não poderia ficar sem comer. Ainda mais que o cheiro de café já inundava o ambiente e despertava o apetite.
Quando o avião começou a descer, as nuvens começaram aparecer. O tempo estava muito feio em Paris, nuvens, garoa, frio. Mas teria que aproveitar o que pudesse mesmo assim.
Assim que desembarquei comprei um cartão telefôico e liguei para a família, dizer que cheguei bem e que a viagem foi boa. Depois fui até o lado de fora do aeroporto conferir o clima. Realmente estava frio, com um pouco de garoa.

domingo, 11 de outubro de 2009

Decidindo ir para o Caminho de Santiago


A primeira vez que ouvi falar sobre o Caminho de Santiago foi em 1992. Sem saber exatamento o porquê, despertou em mim um interesse especial. Tentei pesquisar mais sobre o assunto, mas na época era muito dif'ícil, o material era muito escasso. De qualquer forma, estava convicto que queria fazer o tal Caminho de Santiago. Não tinha nem idéia de como nem quando ir. E o "como ir" era em termos financeiros mesmo. Sabia que queria ir, e que iria, só isso.
Comecei então a treinar, andando a pé para todos os lugares que necessitasse ir: ao colégio, ao mercado, visitar os amigos, principalmente os que morassem em bairros um pouco mais distantes. De quebra economizava o dinheiro do ônibus.
O tempo foi passando, a vida foi dando suas voltas, e acabei deixando de lado esta idéia. Deixei de lado, mas não esqueci. E sempre que ouvia falar sobre este assunto em algum lugar - reportagens, amigos comentando ou mesmo estranhos conversando - meu coração batia mais forte e voltava o pensamento: "um dia vou fazer o Caminho de Santiago". As vezes tentava convencer os amigos a irem comigo, Em vão, pois ninguém se entusiamava com o Caminho.
Quando eu falava com as pessoas mais próximas a mim desta vontade, todos - talvez eu também - falavam como algo interessante, porém inatingível, algo que não aconteceria nunca. Era como conversar sobre o que fazer se ganhasse na loteria.
Os anos foram passando, coisas acontecendo... e a vontade um dia voltou, muito mais forte que antes. Resolvi que faria o caminho mesmo. Poderia, se realmente quisesse. Comecei a caminhar novamente, comprei uma mochila, um par de botas e um bastão de caminhada, que seria o meu "cajado" no Caminho.
Comecei caminhando de casa ao trabalho e do trabalho para casa, depois fui aumentando a distância, inventando caminhos alternativos neste trajeto que eu fazia todos os dias. Isto me ajudou bastante, mas não era nada comparado ao Caminho.
Marquei minhas férias, peguei minha credencial de peregrinho, comprei o que faltava dos equipamentos. Só restavam a passagem e a decisão sobre o ponto de partida.
A compra da passagem foi a parte mais difícil. Sabia que depois que comprasse a passagem, não haveria mais volta. Confesso que tive um pouco de dúvida, talvez pelo medo do desconhecido, antes de efetuar minha reserva.
Antes de partir, pesquisei o básico sobre o início do Caminho. Não me aprofundei, pois queria "descobrir o Caminho" estando lá. Queria "aprender" o Caminho, queria que ele me guiasse.
Foi nestas poucas pesquisas que resolvi iniciar por Saint Jean Pied-de-Port, na França, quase divisa com a Espanha, e que seria por Paris que iria. De lá iria para Bayonne de trem, onde pegaria outro trem, para Saint Jean Pied-de-Port.
Tudo organizado, comprei as passagens - de avião para Paris e de trem, para Bayonne. O último trem, para Saint Jean Pied-de-Port eu teria que comprar pessoalmente, na estação.
Agora era só aguardar a tão esperada data.